História do bairro Bom Jesus - Viçosa

            O bairro Bom Jesus surgiu após diversos fatores sociais oriundos do crescimento da cidade de Viçosa, situada em Minas Gerais. 

         Existem dois marcos para o crescimento de Viçosa, um deles foi a construção da estrada de ferro, a qual chegou ao seu traçado no centro da cidade em 1912, posteriormente a construção da atual Universidade Federal de Viçosa (1922). Esta última é um fator essencial para o entendimento da expansão de Viçosa, a qual até hoje rege a dinâmica da cidade e da microrregião.

           A universidade que surgiu voltada para profissionalização agrícola passou a interferir também na vida urbana do município. Esta influência na dinâmica da cidade ultrapassa o “muro invisível”, que separa dois mundos completamente distintos entre a cidade e universidade, principalmente quanto ao obstáculo social quanto ao uso do “território de primeiro mundo” (UFV).

        Até 1970 o Brasil era um país essencialmente agrícola. O declínio da economia cafeeira da década de 1950 também afetou a economia de Viçosa. Neste período a população do município era essencialmente rural, a cidade possuía cerca de 35 mil habitantes. A população que residia na área urbana estava alojada na área central da cidade. A partir da década de 1970, a Revolução Verde proporcionou avanço no êxodo rural acelerando o processo de urbanização. O centro da cidade passou por expansão horizontal e vertical e novos bairros surgiram nas áreas periféricas. Um destes bairros é o Bom Jesus, o qual segundo relato de moradores antigos até a década de 1960 era uma antiga fazenda de café.

           Um marco relevante foi a federalização da universidade a qual propiciou um crescimento no setor de serviços e consequentemente atraiu muitas pessoas de cidades vizinhas e das áreas rurais de Viçosa para residirem no meio urbano, muitos destes aventureiros foram se alojar nas periferias em razão do alto custo da área central. Esta ocupação acelerada e desordenada das áreas periféricas causou prejuízos ambientais, riscos aos moradores e precárias condições de vida.

             Quando se fala em urbanização associa-se ao aumento populacional, o qual quando ocorre de modo acelerado e desordenado gera consequências sociais e ambientais, como por exemplo, ocupação de áreas de risco, desmatamento, pressão aos recursos hídricos, degradação/ poluição dos solos, condições precárias de vida, ausência ou deficiência em áreas de lazer, entre tantas outras.

        Principalmente a partir da década de 1970, o acentuado aumento da população viçosense promoveu a verticalização no centro e horizontalização em direção as áreas periféricas. Neste contexto diversos loteamentos foram feitos para abrigar a população de baixa renda, muitas vezes de modo irregular. A forma como este processo ocorreu criou espaços desprovidos de infraestrutura e serviços básicos para os cidadãos. O cenário desta realidade apresenta um espaço com segregação socioespacial, altos índices de violência, precárias condições de vida, ausência/deficiência de áreas de lazer, riscos à saúde, moradias irregulares, danos ambientais, etc.

             O Estado tem forte responsabilidade na produção de espaços segregados, como acontece com o Bairro Bom Jesus, pois sua atuação poderia fazer investimentos em infraestrutura, entre outras ações públicas que podem ocasionar na valorização. Na prática o Estado atua de modo seletivo, dotando certas áreas e olvidando de outras (quase sempre periferias). Desta forma, cidades como Viçosa desenvolvem com planejamentos parciais.

            Estes espaços são retratos do abandono por parte do poder público, o qual como gestor, ou mal gestor, permitiu o agravamento destas condições ao longo de décadas. Esta situação incentivou a busca por mudanças e busca por uma gestão compartilhada entre comunidade e setores públicos. A pavimentação deste caminho que leve a um espaço com melhor qualidade de vida perpassa pela CONSCIENTIZAÇÃO, desenvolvimento de uma população melhor instruída, mais crítica e que busque meios de reivindicações e negociações com diferentes esferas de poder, sempre focado na busca de melhorias para a coletividade.

              O bairro Bom Jesus foi oficialmente criado no fim da década de 1960, seu crescimento foi tão grande e desordenado, que até hoje não tem seus limites bem definidos. O bairro se desenvolveu paralelo ao crescimento da universidade, desta forma o aumento expressivo das moradias configurou em um território desordenado. Grande parte dos moradores do Bom Jesus eram empregados da universidade que vinham para Viçosa em busca de melhores condições de vida, saindo da área rural ou de cidades vizinhas.

           O crescimento dos bairros Bom Jesus, Sagrada Família e Estrelas foi favorecido com a abertura da Avenida Santa Rita que favoreceu o acesso a área central do município, onde concentra os serviços básicos. Atualmente o Bom Jesus tem problemas estruturais e seus moradores sofrem com as mazelas deixadas por administrações do poder público.